Primeiro vou reclamar, pra não perder a fama e a prática, depois vou elogiar, porque você que acha que sou uma chata, mau humorada e intolerante, está certíssimo! (Também não é assim, não queira jamais que eu lhe apresente um chato de verdade, autêntico, com cara de chato, voz de chato, sotaque de chato e até andar de chato! Um dia eu falo dele, ele existe, pior, convivo com a cria(d)tura!).
A reclamação: definitivamente, estou quase desistindo de ir ao cinema! Eu atraio entusiastas 'felizes' que se comportam como idiotas, comedores cine-compulsivos e adolescentes vestindo, falando e posando suas brilhantes presenças no mundo. A sala estava vazia, e, mesmo assim, eles estavam lá, firmes em suas pantominas, seus x-colesterol completos e seus tênis atrapalhando o charmoso escurinho do cinema! Eu estaria sem vizinhos em minha fileira, se não fosse pela inusitada companhia da esquerda, o pé da infeliz que estava sentada atrás, com um tênis ridículo, mais prateado que meu bracelete! Sejamos sinceros, é mais confortável sentar com um pé em cima da poltrona da frente? Não, não é, ela estava dizendo, "eu estou aqui e tenho um Nike!". E quando é tudo junto e misturado, um adolescente efusivo em fase de crescimento? (Por isso me simpatizo com a geração emo, eles precisam ser tristes, assim, ficam calados!).
Nada, absolutamente nada contra gargalhadas, ao contrário, adoro quem ri genuinamente alto, mas acho que rir de tudo cansa e constrange o espectador. E não estou falando de rir do filme, estou falando daquele tipo de gente eufórica o tempo inteiro mesmo, me dá preguiça... Quanto aos comedores, nem vou comentar, também comprei uma pipoca gigante! Mas pipoca, pooooooode!
O elogio: fui a uma festa bem famosa por aqui, estava lotada, não tenho ideia de quantas mil pessoas! Acho que num ataque de euforia ao som do Nasi (eu estava numa festa, não no cinema), meu celular caiu da bolsa, e eis que já era, pensei quando dei falta. Eu nem liguei pro celular, como se fosse impossível tê-lo de volta, pela quantidade de gente ou ele seria pisoteado ou daria briga pra ver quem pegava primeiro pra vender na saída! Pois caiu nas mãos (digo, nos pés) certos, e o cara atendeu à ligação de um amigo e explicou que estava procurando o dono do aparelho, que voltou pras minhas mãos, intacto (nem terminei de pagar, e a festa me custou uma pestação).
Talvez tenhamos nos acostumado a pensar no mal. Mas concordo com uma das crônicas da Martha Medeiros que gostei, ela fala que a gente se surpreende é com os gestos raros e por isso, hoje em dia é mais fácil ficarmos surpresos com um cara que acha um objeto que não o pertence e devolve que com um que mata a própria mãe.
Conclusão de tudo? Esperar os filmes chegarem à locadora ou alcançar o patrimônio da Xuxa para construir meu próprio cinema em casa, como (dizem que) ela fez. E discorrer uma conclusão sobre o elogio à raça humana é mais difícil para uma representante chata, mau humorada e intolerante da mesma, mas que, certamente, também devolveria o celular. Obrigada ao casal que fez isso, vocês me fizeram rever minhas raridades...