sábado, 12 de novembro de 2011

Querido diário,


12 de novembro de 2011, sábado, 11:16 h
Já (re) comecei te dando um bolo. “Te” dando um bolo... é que não sei como me referir a você. Querido diário seria tão sem noção que ficaria até original! Será que alguns clichês, de tão imbecis podem se tornar originais? Acho que sim, são como as cantadas de pedreiro!
Então vamos retroceder um pouco. Ontem acordei como acordo todos os dias, por incrível que pareça, sem querer morrer, como a maioria das pessoas, lembrando que sou um ser propício ao ócio melancólico... Sou mesmo geminiana, uma faca de dois gumes (cegos, claro). Fiz todo meu ritual matutino em dias de feira, que inclui a higienização – que inclui 4 produtos diferentes da linha Chronos – que inclui abrir a janela para ver que roupa o tempo me sugere (Eu sempre erro, principalmente por morar em Brasília e não aprender que aqui, parafraseando um seu maravilhoso contemporâneo, mudam as estações mas nada muda! Costumo ir trabalhar de botas e cachecol em dias ensolarados e blusa de alcinhas amarelo-marca-texto e rabo de cavalo em dias nublados! Olha a faca cega aí de novo...), que inclui acordar minha mãe para ver se ela está respirando, como excelente trágica que sou, que inclui preparar meu desjejum light que me lembrará disso meia-hora depois, quando meu estômago começar a relinchar de fome e que inclui entrar no carro ouvindo Pearl Jam no volume 28 (isso no meu carro é bem alto...).
No trânsito nada aconteceu que eu me lembre... Nenhum flerte (Acho o máximo flertar no trânsito, tão legal a gente imaginar uma pessoa só pela cabeça dela! E pelo carro. Mas essa parte é bem mais coisa de homem, embora os machistas insistam em infestar o Facebook com piadinhas horrorosas e tão inteligentes quanto uma escova progressiva, insinuando o contrário). Então (Estou cheia de parênteses hoje. Fico assim quando tenho muita vontade de escrever e acho isso muito bom! Tai, vou publicar meu relato de hoje no blog! Não será só você, pessoa-eleita-para-ler-meu-diário, que terá acesso a um dia comum em minha intimidade!), apesar do som alto, as reclamações e os nomes feios, como diria vovó, sempre presentes! Eu não sei dirigir calada, tanto quando a toupeira sou eu quanto quando são os outros não-sei-quantos-milhões de motoristas na capital federal. Eu não gosto de dirigir, não tenho a calma necessária para isto, embora canalize bem este meu defeito resmungando o caminho inteiro!
No trabalho, nada que mereça relato, têm coisas que não mudam nunca... E também não é bom falar sobre isso, agora que resolvi publicar meu dia. Pronto, acho estraguei o relato, se estivesse falando apenas para você, pessoa-eleita-para-ler-meu-diário, não precisaria ser diplomática! Mas posso lembrar que, também no trabalho, costumo resmungar bastante, mas não posso dizer publicamente por quê. Saco, vou ter que pular essa parte! Porém, não seria justo não lembrar que também há pessoas lá que indubitavelmente (essa busquei longe) alegram meu dia, seja por poder me livrar de um pouco do veneno que armazeno dentro de mim (se não for com eles é a mim que o veneno fará mal, não?), seja por algumas pessoas que eu amo e que realmente me fazem bem, me fazem rir e me fazem fazer rir!!! Imagina uma pessoa que trabalha resmungando e rindo? Eu!
Á tarde tentei recompor o sono que a tosse me roubou à noite. Não consegui, ela também (a tosse) não deixou. Estou tossindo igual a uma vaca louca, desde meus excessos boêmios na Cidade Maravilhosa, fim de semana maravilhoso passado. (Meu doce irmão me lembrou que as vacas são conhecidas por não tossirem e nem cuspirem nunca. Talvez por isso a vaca da minha comparação seja louca... Mas o que achei melhor foi descobrir que não sou uma vaca, visto que tusso demais e, consequentemente, acabo cuspindo coisas...). Levantei, lavei meu cabelo que deu guinchadas de alegria por não ver água há oito dias e fui levar mamãe a um passeio no supermercado, fomos comprar frutas, iogurte light e pão de forma 489 grãos, igualmente light. Acredito que meu esforço para não passar pela sessão de sorvetes (salivei), Elma Chips (babei) e chocolates (espumei) deve ter ajudado a queimar umas 4 calorias.
Ah, preciso dizer que resolvi passar meu feriadão enclausurada entre as paredes que me separam fisicamente do mundo, com direito apenas ao Windows e à window do meu quarto! (Péssima essa, né?). Enfim... Pra isso escolhi algo divertido e hipnótico, um tijolo de 789 páginas, da Marian Keyes, Cheio de Charme – e passei da página 100 ontem mesmo. Excelente escolha, até terça eu termino, se o filhote do “encardido” que habita em mim não despertar, lembrando-me que há um mundo de bares e companhias maravilhosas além do gélido concreto de minha casa. Aliás, um protesto quanto ao dia ensolarado que está fazendo: deveria estar nublado, chovendo e trovejando, e eu deveria estar embaixo do meu edredom, rumo à página 200, rindo e tossindo com a história! Mas estava falando de ontem, né?
Também dei minhas fuçadas no Facebook (Ontem descobri uma coisa legal, mas também não posso contar aqui, em nome da harmonia social. Depois te conto, pessoa-eleita-para-ler-meu-diário! Mas é algo que me poupará um pouco da vontade que tenho, às vezes, de suicidar-me perante a diversidade de absurdos proporcionada pela interatividade Facebookiana!).
E meu dia foi assim, sem novidades, exatamente o que me levou a relatá-lo desta forma queridodiário: um dia como a maioria dos meus. (Meus últimos parênteses: não seria nada mal se o Cheio de Charme não fosse exatamente um livro...).